Com aporte do City, Bahia muda perfil e deixa de perder atletas durante a temporada

A parceria entre Bahia e Grupo City, celebrada no final do ano passado, ainda não atingiu no campo a expectativa criada, mas fora dele o tricolor vive uma nova fase no mercado. Na quarta-feira (23), o clube oficializou a compra dos direitos econômicos do zagueiro Kanu. O jogador pertencia ao Botafogo e estava emprestado até o fim do ano, mas o Esquadrão se antecipou e exerceu o direito de compra. O novo contrato é válido até dezembro de 2027.

O Bahia pagará cerca de R$ 10 milhões pelo jogador e fez o movimento após o Botafogo receber uma proposta de um time da Arábia Saudita pelo zagueiro. Assim, evitou perder o seu capitão durante o Campeonato Brasileiro.

A decisão fez o clube quebrar uma sequência. Pela primeira vez desde 2018, clube não precisou vender nem perdeu um jogador no meio da temporada. O novo momento é explicado pelo aporte financeiro feito pelo grupo investidor.

No ano passado, por exemplo, o atacante Rildo vivia uma boa fase na Série B do Brasileirão quando recebeu uma oferta do Santa Clara, de Portugal, e rumou para o futebol europeu. O jogador pertencia ao Grêmio e estava no Bahia por empréstimo.

Como não tinha dinheiro para cobrir a oferta, o tricolor se viu sem saída e teve que liberar o atacante – recebendo apenas uma porcentagem do negócio como taxa de vitrine.

Situação semelhante viveu o meia Thaciano, em 2021. Também emprestado pelo Grêmio, ele foi destaque na conquista do tetra da Copa do Nordeste e acabou migrando para o Altay, da Turquia.

A boa impressão deixada por ele foi tanta que este ano o Esquadrão optou por repatriá-lo e comprou os seus direitos econômicos junto ao Grêmio.

Também em 2021, o zagueiro Juninho foi vendido para o Midtjylland, da Dinamarca, por aproximadamente R$ 10 milhões durante a janela de transferências do verão europeu, no meio do ano.

Até então o defensor era a compra mais cara da história do Bahia e vivia boa fase, após altos e baixos. O valor da venda foi dividido com o Palmeiras.

Atualmente, além de conseguir segurar os jogadores, o Esquadrão mudou a forma de contratar. Dos 33 atletas que integram o elenco, 25 possuem contrato em definitivo com o clube, o que representa 75%. Oito têm vínculo de empréstimo, mas com cláusulas que permitem a compra por um valor previamente fixado. São os casos do goleiro Adriel e do lateral Camilo Cándido, por exemplo.

INVESTIMENTO

Pelo contrato firmado na compra das ações da SAF, o Grupo City se comprometeu a investir R$ 500 milhões na compra de atletas em um período de até 15 anos. A cifra é um valor mínimo garantido pelo Esquadrão.

Nesta temporada, o Bahia bateu recorde em contratações, tendo desembolsado mais de R$ 100 milhões na montagem do elenco. O lateral esquerdo Chávez puxa a fila dos mais caros: custou R$ 18 milhões junto ao Independiente del Valle, do Equador. Os números não são confirmados pelo clube, que deixou de publicar os valores das negociações.

O fundo gestor também tem a obrigação de manter a folha salarial em pelo menos R$ 120 milhões por ano ou o equivalente a 60% da receita bruta da SAF, sem levar em consideração ganho com venda de atletas. Isso representa um salto em relação ao que era praticado pela associação.

Jogadores negociados ou liberados pelo Bahia durante a temporada desde 2018:

2018

Lateral Mena – vendido ao Racing, da Argentina

Zagueiro Becão – emprestado ao CSKA, da Rússia

2019

Meia Ramires – emprestado ao Basel, da Suíça

Volante Douglas Augusto – vendido pelo Corinthians ao PAOK, da Grécia

2020

Volante Flávio – vendido ao Trabzonspor

2021

Meia Thaciano – Emprestado pelo Grêmio ao Altay, da Turquia

Zagueiro Juninho – vendido ao Midtjylland, da Dinamarca

2022

Atacante Rildo – vendido pelo Grêmio ao Santa Clara, de Portugal

Atacante Marcelo Ryan – vendido ao Yokohama, do Japão

Lateral Djalma – vendido ao AEL Limassol, do Chipre