‘A ideia é brigar por coisas grandes’, afirma Léo Condé sobre 2024 do Vitória

São nove meses à frente do Vitória, tempo suficiente para entrar para a história do clube com a conquista de um título inédito. Léo Condé desembarcou em Salvador no início de fevereiro e, de cara, precisou lidar com eliminações precoces no Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Se manteve no cargo para, na Série B, fazer um início histórico e um final mais ainda: o primeiro título nacional do Vitória.

O treinador responsável por colocar o rubro-negro de volta na Série A preferiu olhar aquele momento de turbulência pela ótica do “copo meio cheio”, e tirou proveito da pausa de quase um mês para ganhar o elenco. “Não consegui a curto prazo estabilizar, mas depois das eliminações a gente teve 30, 40 dias de trabalho, de treinamento, consegui colocar minhas ideias, teve a chegada de novos atletas, a gente criou um ambiente muito favorável, de respeito, e isso foi fundamental e a gente levou isso até o final”, disse o técnico, em entrevista ao CORREIO.

Aos 46 anos, Condé havia conquistado dois acessos da Série C para a Série B, pelo Botafogo-SP (2018) e Novorizontino (2021). Quis o destino que o mesmo Novorizontino fosse o adversário a proporcionar o primeiro acesso do treinador para a elite do futebol brasileiro, após bater na trave com o Sampaio Corrêa na temporada 2022.

Em bate-papo exclusivo, o técnico falou dos desafios enfrentados desde a sua chegada até a campanha na Série B e também projetou o que espera do Vitória em 2024. Confira:

Como foi sua rotina desde aquela recepção no aeroporto? Como foi a comemoração do título?

A rotina mudou um pouco, né? A importância que foi, a conquista do acesso, do título. De um modo geral, acaba tendo um assédio maior.

Como você se sente nesse momento de comemoração ao lado dos familiares?

É um momento muito especial. A gente sofre muito, primeiro por ficar longe. Futebol às vezes é meio injusto, mas de um modo geral é um momento de muita felicidade, de conquistar um título tão expressivo à frente do Vitória. Um time de uma torcida grande e apaixonada.

No último jogo contra a Chapecoense você pretende dar oportunidade a atletas que não vinham jogando?

Vamos nos reapresentar na terça-feira e vamos analisar. Tem que ter respeito pelas outras equipes que também brigam por permanência. Independentemente de quem a gente for mandar a campo, vamos mandar uma equipe competitiva.

O jogo contra o Novorizontino confirmou o acesso, mas teve alguma partida que você sentiu que a subida para a Série A era só uma questão de tempo?

Tivemos vários jogos que deram sinais de que a gente realmente poderia conquistar o acesso. Eu acho que o primeiro foi o jogo contra o Sport, lá na Ilha do Retiro. A gente conquistou uma vitória muito expressiva, que realmente mostrou a força da nossa equipe e que realmente teríamos condições de brigar pelo acesso. E claro, depois da vitória contra o Sampaio Corrêa em São Luís, abrimos uma margem… O primeiro momento que conseguimos abrir sete pontos do quinto colocado, ali naquele momento mostrou que a gente realmente estaria muito próximo de conquistar o acesso.

O Vitória é o melhor mandante da Série B. Como você enxerga a relação da torcida com o time durante essa caminhada?

Ah, foi criada uma sinergia muito grande entre torcida e time, desde o primeiro jogo contra a Ponte Preta, eu falo muito isso, ali já criou uma simbiose muito legal, e durante todos os jogos nós sempre nos sentimos muito acolhidos no Barradão, com o torcedor incentivando do primeiro ao último minuto, fazendo uma grande festa, mas acima de tudo mandando muita energia positiva. Eu acho que essa parceria foi fundamental para a gente conseguir essa campanha consistente dentro do Barradão.

O Vitória começou o ano com eliminações precoces na Copa do Nordeste, do Brasil e no estadual. O que foi feito para recuperar a motivação e a confiança da equipe para terminar o ano com um título de Série B?

Eu cheguei já na reta final (de estadual), um momento muito turbulento. Não consegui a curto prazo estabilizar, mas depois das eliminações a gente teve 30, 40 dias de trabalho, de treinamento, consegui colocar minhas ideias, teve a chegada de novos atletas, criamos um ambiente muito favorável, de respeito, e isso foi fundamental e levamos isso até o final. De um modo geral, sempre existe um respeito muito grande, um trabalho muito intenso de todos e eu acho que esses 30, 40 dias que a gente teve de preparação antes da estreia da Série B foram fundamentais para fazer essa campanha consistente.

Nessa mesma oscilação, de que forma você lidou com as críticas em relação ao seu trabalho? Essas críticas chegaram até você?

A gente sabe que é pertinente ao futebol, as críticas em quase todo lugar, aqui de um modo geral foi um pouco mais pesada, mas eu lido bem com isso. Eu tento separar, foco muito no meu trabalho ali, de dia a dia. É aquilo que eu tenho controle. Eu não consigo controlar a opinião externa, as manifestações externas. Eu controlo o meu treino, o meu trabalho. Eu foquei, canalizei todas as minhas forças nos treinamentos, na mobilização dos jogadores, para que isso não me influenciasse de forma alguma e realmente não influenciou.

Você ficou no “quase” do acesso com o Sampaio Corrêa algumas vezes. Como é a emoção de quebrar essa escrita e logo com um título nacional?

Realmente é um momento muito especial. Eu já tinha conseguido dois acessos, da C para B, mas da B para A, realmente estive muito próximo com o Sampaio, então é um sentimento de realização muito grande, porque a gente sabe a importância, o nível do futebol brasileiro atualmente, são duas competições extremamente difíceis e valorizadas, que são a Série A e a Série B. Então é um sentimento de orgulho e de realização muito grande de conquistar esse acesso e principalmente o título, depois de vários anos sem conquistar um título nacional, então é um sentimento de satisfação e orgulho muito grande.

Já projetando o ano de 2024, como você enxerga o Vitória na Série A? Quais objetivos?

Bom, a vitória é natural, foram cinco anos longe da Série A, de uma certa forma, vai ter que se estruturar, vai ter que buscar boas parcerias para montar uma equipe competitiva. O nível está muito elevado na Série A do Brasileiro, a gente vê boas equipes que estão brigando contra o rebaixamento, mas sabemos que o clube vem com uma boa administração do Fábio (Mota, presidente), do Djalma (Nunes Abreu, vice-presidente), tem tudo para se estruturar ainda mais, para chegar numa condição, no primeiro momento de permanência, talvez depois brigar por uma Sul-Americana. No futebol tudo é possível, desde que seja bem feito e organizado.

Além da Série A do Brasileirão, quais objetivos você projeta para o Leão em 2024?

A ideia do Vitória é entrar no início do ano brigando por coisas grandes, tentar brigar por títulos de campeonato estadual, Copa do Nordeste, avançar o máximo possível numa Copa do Brasil, até para chegar estruturado na Série A. Eu tenho certeza que é o pensamento de todos dentro do clube.